quarta-feira, 4 de novembro de 2020

a verdade que não admitimos

voltei a falar com ela e

sinto uma vontade de viver

a qual não estou habituado,

e não sei se leio, se ouço

música ou lhe digo tudo

que me vem à mente;

e ninguém entende, dizem

que estou louco,

que vou me magoar e devem

estar certos;

mas eles não entendem, como

não entendem o que Dylan

sente ao compor,

o que Hesse sentiu quando

escreveu o Lobo da Estepe;

eles não entendem, como nunca

entenderam, que toda obra

morre quando terminamos com ela,

seja uma canção, um livro

ou uma mulher;

e há beleza no fim, seguimos

vivendo e nossas obras também,

por vezes até as reencontramos

e agimos como se não fosse

nada demais, porque somos durões;

é quando eu percebo que nenhuma

obra, nem a mais bela delas,

nos pertence,

mas jamais as deixaremos saber,

nem enxergar as nossas lágrimas;

as malditas jamais nos deixariam

em paz.

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