quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

a minha cruz

a indiferença é a maior inimiga do amor,
o descaso, a atuação;
o bloqueio que anula o outro,
tenta apagar.
mas eu levo todos que perdi em meu corpo,
sob a minha pele
carrego uma cruz para todos que enterrei,
vivos e mortos.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

confissão

eu posso estar furioso, magoado
e triste,
escrevendo as palavras que não foram ditas,
mas estou tomando conta das suas coisas
com carinho.
deixo-as num lugar especial,
sempre à vista
e, na sua ausência, trato-as como
substitutas suas.
porque mesmo que no meu exterior eu
pareça forte,
por dentro eu me derreto.
em minha mente eu acaricio seu rosto,
e gentilmente coloco seus fios de cabelo soltos
atrás de suas orelhas.
então faço desse poema a minha confissão:
sim, eu te amo.
como já disse outras tantas vezes, digo a
cada vez que lhe escrevo
e seguirei dizendo infinitamente.
com minhas frases, o que eu sinto se torna eterno
e você também,
porque algumas coisas devem durar para sempre,
mesmo as perdidas.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

prisões

estava bebendo todos os dias,
tentando esquecer
num dia cerveja, no outro tequila
e entre um copo e outro
a ficha caiu
se você preza tanto a sua liberdade,
por que me colocou numa prisão?
me fazia aceitar tudo por medo de perder
ou sofrer retaliações
e quando não aguentei mais e tentei
romper meus grilhões
se fez de ofendida e agredida
se fez de vítima para todos poderem ver,
falou de liberdade e amor
e tudo bem
tire suas fotos sorridente na noite,
fique com quantos quiser
curta a sua preciosa liberdade
mas não pense que ela vale mais do que a minha
porque a liberdade termina quando,
para obtê-la, se tira a do outro
e lembre-se:
se é uma prisão que você oferece, que seja
a pressão das suas coxas
enquanto faço suas pernas tremer
de tanto gozar
ao menos isso você não conseguiu disfarçar

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

palavras ausentes pt. 2

por que as palavras saíram tão duras?
por que fui tão agressivo?
são tantos porquês
que deixarei o silêncio responder
farei da minha língua uma oferenda
e do silêncio o meu fardo

palavras ausentes pt. 1

por que eu fui sentir isso agora?
por que não senti quando estava
ao seu lado
e a tinha nos braços
por que sinto agora que você está
tão distante
e não quer mais saber de mim
teria lhe dito tantas coisas belas
coisas das quais não consigo escrever
talvez me faltassem as palavras
mas eu perguntava o que havia
em meu coração
e não havia resposta, como não há agora
como jamais saberei a sua
ainda não sei o que escrever
só sei o que sinto, as palavras ausentes
as palavras que não iremos trocar