sexta-feira, 15 de março de 2019

à meia luz

hoje está sendo o dia mais
difícil de todos
tendo apenas na lembrança dela
(dançando à meia-luz
ao som de Doors, com as cores se
misturando como num caleidoscópio)
a única luz
uma luz que me mandou para as trevas
junto com toda a mágica daquele sorriso
meio tímido e inconsequente
com uma garrafa de cerveja na mão
o sorriso que me mandou das trevas
para o céu, e então para o inferno

se existe crime em ser capturado
pela mágica
(ser pego num tornado e jogado longe
no fim de seu rodopio, como numa
dança)
é ter olhos para vê-la
ao passo que ninguém mais a vê, ninguém
além de mim
de quem agora ela se esforça em se esconder
afinal, se existe alguém de quem fugir
é de quem tem olhos e não de quem nada vê
e eu vi, malditos sejam meus olhos,
eu vi!

onde estará ela, em que céu ou inferno?
ou em nenhum dos dois, mas nas trevas
onde ninguém pode vê-la
invisível, sem magia e vulgar
mas eu ainda a vejo na escuridão,
entre as chamas
dançando e me hipnotizando
um vislumbre de magia à meia luz
e me pergunto:
"então, minha pequena dançarina,
quem a vê
nas trevas que agora habita?"