domingo, 8 de novembro de 2020

um dia, eu

tenho me sentindo um psicopata

nos últimos tempos,

vou a festas de pessoas estranhas

e as observo em seu habitats,

perdidas todas elas, mas não

mais do que eu;

sorrio, tento parecer normal,

danço conforme a música,

mas sou uma marionete sem titereiro,

e não há nada por trás nem

por dentro;

falo com mulheres do passado e elas

percebem facilmente o que me tornei,

loucas todas elas, e não me

dão nenhuma esperança;

e não há futuro, só pessoas e seus

rostos e fantasias decadentes,

arruinadas todas elas, e não há

um olhar familiar;

mas não é verdade, esse tempo todo

estive falando de mim,

da minha vida arruinada e do meu

passado agora apodrecido,

o qual se tornou a minha vida;

e não há o que lamentar,

eu vivi e tenho histórias para contar,

mas às vezes esse passado

é pesado demais, e me lamento,

lembrando que um dia eu vivi.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

a verdade que não admitimos

voltei a falar com ela e

sinto uma vontade de viver

a qual não estou habituado,

e não sei se leio, se ouço

música ou lhe digo tudo

que me vem à mente;

e ninguém entende, dizem

que estou louco,

que vou me magoar e devem

estar certos;

mas eles não entendem, como

não entendem o que Dylan

sente ao compor,

o que Hesse sentiu quando

escreveu o Lobo da Estepe;

eles não entendem, como nunca

entenderam, que toda obra

morre quando terminamos com ela,

seja uma canção, um livro

ou uma mulher;

e há beleza no fim, seguimos

vivendo e nossas obras também,

por vezes até as reencontramos

e agimos como se não fosse

nada demais, porque somos durões;

é quando eu percebo que nenhuma

obra, nem a mais bela delas,

nos pertence,

mas jamais as deixaremos saber,

nem enxergar as nossas lágrimas;

as malditas jamais nos deixariam

em paz.