quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

o paradoxo do romance

às vezes sexo e amor são inimigos
e se torna difícil conciliar uma
boceta com um rosto, aí tudo
mais se complica e o tesão vira
uma incógnita
então surge a indiferença, a mágoa
e não se sabe onde aquilo foi parar
nem como fazer para recuperar

o amor pode fazer com que volte
mas é uma ilusão de amizade e
companheirismo, uma desilução
do que achávamos ser

uma trepada não é amor
e carinho não é tesão
não sei, talvez haja alguém que
consiga torná-los aliados
mas são aqueles casais saudáveis
e sobre eles, nada sei

quanto a mim, digo isso:
caralho, como dói

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

acho que meu cérebro está virando geléia

tenho passado tanto tempo online que
o meu cerébro, outrora formidável
deve estar se transformando em geléia
ando sem concentração
perdendo a memória
e
a empatia

não entendo as conversas, o que falam
e quando consigo entender
o assunto já é outro
durmo tarde, acordo com sono
mas quero dormir o dia todo

amigos e familares se perdem no barulho
e no silêncio é como se já não existissem
acho que sinto falta deles
falta de sentir falta
ou fazer falta, assim tão ausente

minha cabeça é um caos
e nos momentos de lucidez
eu só busco a paz
sexo, bebida e ar condicionado

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

um sóbrio imbecil

outra vez estou na merda
por causa de uma mulher, claro
não a dor de cotovelo, não
o ciúme nosso de cada dia
mas o tradicional vazio que
as putas não podem prencher
nem o trago

acho que deveria largar a bebida
mas não ouso, estou sóbrio demais
só quero me entorpecer e vomitar
quando trepávamos, não era problema

sou um imbecil
por que diabos não estou bebendo?

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

os anos deixados para trás

estou trepando com um corpo inanimado
o cadáver de uma mulher
e nada que eu faço, beijos ou mordidas
causam qualquer reação
sinto seu corpo tentando voltar à vida
mas não consigo lhe dar fôlego

os anos passaram, mas não para ela
com os pulsos sangrando
esvaziando sua vida
desde aquele dia
perambulou por aí, mais morta do que viva
bebeu
comeu
trepou

então ela veio para mim
perambulando, mais indo do que voltando
voltando para o passado
naquele mesmo dia, quando a alma deixou seu corpo
estilhaçando-a, para eu juntar

mas não consigo, não sou padre
vejo as feridas em seus pulsos
abertas mesmo tendo cicatrizado
com o sangue se esvaindo
e o corpo, procurando a alma que perdeu

desde aquele dia, não houve ano novo