domingo, 21 de junho de 2020

eterno

que pena que meu sentimento por ti
te chateie, que pena
que você cansou e seguiu a vida,
mas ele não diminuiu nem aumentou
desde que te conheci;
se isso te incomoda, não queira
saber como é amar alguém inconstante,
que nunca sabe o que quer, que
quer de um jeito e depois de outro;
não me peça para ser transitório,
porque eu sou eterno.

sábado, 13 de junho de 2020

com o mundo aos nossos pés

noite passada ela apareceu em
meus sonhos como surgiu na minha vida,
com o sorriso mais lindo que já vi
e todos os sonhos do mundo;
ela entrou no meu quarto como uma
força da natureza, estampando a alma
na pele, nos olhos e cabelos;
tivemos a conversa mais gostosa
da qual me recordo, dormimos juntos
e no outro dia eu já me sentia mais
à vontade
do que com qualquer outra pessoa;
e toda a noite que nos vimos foi assim,
como um sonho, uma luz no fim do túnel
quando eu já não esperava mais nada;
por muito tempo achei que dava muito
e recebia pouco, mas não percebia que
a cada dia ela se afastava mais,
a cada cobrança;
agora já não tenho tanta certeza,
não sei dizer se estava certo ou errado,
mas
essa noite eu abdico de ter razão;
posso estar sendo condescendente com ela
e entendendo tudo errado de novo,
posso estar errado sobre ela,
sobre eu, sobre esse mundo filho da puta,
mas foda-se, essa noite eu não ligo;
essa noite só lembro-me de quando ela entrou
no meu quarto e me preencheu de música,
arte e poesia;
porque ela não era ela e eu não era eu:
éramos apenas duas crianças, brincando
como deuses, com o mundo aos nossos pés.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

suas malditas pernas

tivemos as melhores noites de nossas vidas
um com o outro, disse eu tenho certeza,
suas pernas trêmulas e meu sorriso
não se deixam enganar;
eu jamais serei seu grande amigo,
pois sou aquele que fez suas pernas tremerem;
malditas sejam minhas memórias,
malditas sejam suas pernas;
eu despertei a puta em você,
como serei só seu amigo?

quarta-feira, 3 de junho de 2020

beiradas

começo de inverno e eu sinto frio,
começo de inverno
e eu sinto sua falta;
veja bem, não é uma questão de escolha,
não é porque sou teimoso
que sinto sua falta,
é porque sinto tudo me escapando
entre os dedos;
e me sentindo perto do fim,
eu quero demais
algo a que me segurar e por querer
tanto, acabo perdendo;
mas agora percebo que tudo que já fiz
foi me agarrar à beirada de um abismo,
tentando sair, ao qual sempre retorno;
e é por isso que, quando não consigo
o que quero, eu perco a cabeça;
nada mais é do que o grito de alguém
eternamente caindo e
achando que é o fim.