sábado, 13 de junho de 2020

com o mundo aos nossos pés

noite passada ela apareceu em
meus sonhos como surgiu na minha vida,
com o sorriso mais lindo que já vi
e todos os sonhos do mundo;
ela entrou no meu quarto como uma
força da natureza, estampando a alma
na pele, nos olhos e cabelos;
tivemos a conversa mais gostosa
da qual me recordo, dormimos juntos
e no outro dia eu já me sentia mais
à vontade
do que com qualquer outra pessoa;
e toda a noite que nos vimos foi assim,
como um sonho, uma luz no fim do túnel
quando eu já não esperava mais nada;
por muito tempo achei que dava muito
e recebia pouco, mas não percebia que
a cada dia ela se afastava mais,
a cada cobrança;
agora já não tenho tanta certeza,
não sei dizer se estava certo ou errado,
mas
essa noite eu abdico de ter razão;
posso estar sendo condescendente com ela
e entendendo tudo errado de novo,
posso estar errado sobre ela,
sobre eu, sobre esse mundo filho da puta,
mas foda-se, essa noite eu não ligo;
essa noite só lembro-me de quando ela entrou
no meu quarto e me preencheu de música,
arte e poesia;
porque ela não era ela e eu não era eu:
éramos apenas duas crianças, brincando
como deuses, com o mundo aos nossos pés.

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