frestas

você está em toda parte
dentro de mim, à minha volta
quando ouço uma música, vejo um filme
nos objetos que você tocou
onde deitou, onde dormiu
e se escondeu do mundo lá fora
onde me confidenciou as coisas no seu coração
onde se entregou a mim
onde lhe entreguei tudo, cada milímetro
como nunca entreguei a ninguém

você está na luz do sol que entra pelas frestas
da janela
agora que todo dia é noite

na tua ausência

na tua ausência, eu descobri o que é amar
na tua ausência, você se tornou parte de mim
na tua ausência, percebi que te quero
mas não preciso
aprendi a te deixar voar
na tua ausência

estranhos

se eu já escrevia pra ti
antes de te conhecer
por que eu pararia agora?
que
nos tornamos estranhos

fogo-fátuo

aprendi muito nos últimos meses
ou talvez você tenha me relembrado
que não sou educado, gentil
nem um gentleman
eu sou pólvora prestes a explodir
eu não amo, eu queimo
e você me faz arder
sou amor e ódio na mesma medida
faço amor com violência
e sou violento com amor
eu nunca sou cinzas
por vezes me queimo e quem estiver por perto
me arrependo e ardo
como eu ardo, uma chama que consome tudo
e me cega
gostaria de ser diferente, ser descolado
pregar liberdade e desapego
estar na moda
mas estou preso nas chamas, preso a você
sou fogo-fátuo
não ficarei muito tempo aqui
mas na brevidade da minha existência vou arder
como um sol que ilumina galáxias