tenho me sentindo um psicopata
nos últimos tempos,
vou a festas de pessoas estranhas
e as observo em seu habitats,
perdidas todas elas, mas não
mais do que eu;
sorrio, tento parecer normal,
danço conforme a música,
mas sou uma marionete sem titereiro,
e não há nada por trás nem
por dentro;
falo com mulheres do passado e elas
percebem facilmente o que me tornei,
loucas todas elas, e não me
dão nenhuma esperança;
e não há futuro, só pessoas e seus
rostos e fantasias decadentes,
arruinadas todas elas, e não há
um olhar familiar;
mas não é verdade, esse tempo todo
estive falando de mim,
da minha vida arruinada e do meu
passado agora apodrecido,
o qual se tornou a minha vida;
e não há o que lamentar,
eu vivi e tenho histórias para contar,
mas às vezes esse passado
é pesado demais, e me lamento,
lembrando que um dia eu vivi.