domingo, 10 de maio de 2020

relógios impossivelmente grandes

não tenho mais tempo a perder,
o futuro se apresenta imenso para mim,
inescrutável.
mais do que nunca cada dia importa,
cada ato, cada pensamento.
perdi muito tempo, não sei mais
quanto tenho.
sempre me pareceu que faltava pouco,
então não me preocupava com ele;
estava próximo, porém inalcançável.
um não futuro, um não tempo
que estaria sempre a minha disposição,
sem nunca fazer parte dele.
mas o tempo finda, as pessoas findam,
as pessoas vivem e morrem,
e eu continuo aqui;
à parte do tempo, preso no tempo.
relógios impossivelmente grandes,
batendo, um dia mais e um dia a menos;
nenhum dia, todos os dias.
ontem, hoje e para sempre
eu vivi,
vivo,
viverei.

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