quarta-feira, 15 de julho de 2015

o dia em que eu desisti

Reencontro, fim de ano
e as coisas
não deram certo
Nosso beijo não gerou faíscas
como antes
O enrolar uno de línguas
Imagino que tenha sido como
beijar um morto

Disse que o seu beijo era como
o de um cadáver
Mas
entendi errado, meu amor
Eu era o cadáver
E nem o mais erótico
dos beijos
Me faria levantar do túmulo

Naquele dia, soube que desistiu
de mim
Como havia desistido antes e
desistiria depois
O sol não raiou no dia seguinte
Não ouve dia novo, vida nova

As coisas se sucederam, fiquei em
segundo lugar
Se houvesse uma tese, eu seria
a antítese
Se houvesse Bem e Mal, eu seria
as trevas
Se houvesse céu e inferno, eu estaria
gritando
Se houvesse namorado, eu seria
o outro

E hoje eu desisto, pois a morte sempre
vence a vida
Desde aquele dia, não houve ano novo

domingo, 12 de julho de 2015

sem lágrimas

Um amigo me disse que
não sabia chorar
"É porque ainda não sofreu
o bastante", eu respondi
Eu nunca chorava, fiquei muitos
anos sem chorar

Então, tudo começou
a dar errado

Se não tivesse fugido tanto,
não ficaria tão mal - quando
perco algo bom
Mas não trocaria pela vida antiga
Sem cor

Porém, quando achamos a cor
depois
de tanto tempo nas trevas
O preto e branco é insuportável
Acho que o amor sempre foi
uma bosta

terça-feira, 7 de julho de 2015

não adianta

Onde quer que eu olhe
lembro dela
O rosto da minha santa
E puta
Tanto que não sei se ela existe
noutro lugar
Senão dentro de mim

Então por que a sinto?
Tão longe

Estar solitário é motivo para
procurar alguém?
Tão longe

O rosto se tranfotma e foge
da realidade
Tão longe

Estaria ela aqui ou nas estrelas?
No céu ou no inferno?
Sei que não está aqui - em carne
e osso - onde posso enfiar o pau

Maldita poesia
Maldito pau

domingo, 5 de julho de 2015

paraíso perdido

Que vida é essa em que o único
alívio
Vem do trago e do sexo
Como âncoras
Entre o abismo da prisão terrena
e a solidão das estrelas

Que venham mulheres e o gozo
Os porres
A música de Shubert e Beethoven
Os livros de Hesse
A arte de Gustave Doré e Lucífer
expulso do paraíso

Não quero voltar
O lar nunca teve grande significado
para mim
Sempre preferi meus pensamentos e
a sinfonia universal
Dentro de mim e nos céus
Ao paraíso perdido

quinta-feira, 2 de julho de 2015

outra noite sozinho

O problema de ser muito inteligente
é que
se apaixonam por seu cérebro
Não por seu pau
A qualidade do sexo pouco importa
À medida que você é inteligente
e culto
Menor o interesse no seu pau

Pouco importa a música que ouvimos
Os livro que lemos
Se à medida que alimentamos
o intelecto
Passamos mais noites sozinhos

Talvez seja melhor sintonizar na estação
de funk
Ou sertanejo universitário
E esquecer Mozart, Beethoven e Brahms

Pensando melhor, que se fodam
Vou escutar a Nona