terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

aquele que ainda acreditava

os rumores, a paranóia
os espiões na minha mente
avançam
como uma guerrilha revolucionária
ali, do lado de fora
invadindo os portões

a loucura, a desconfiança
o medo se instaura
é cada um por si, fugindo
para o interior
a cidade foi tomada
nossas mulheres, estupradas
nossos filhos, degolados
e o caos toma conta
como um cão faminto, que
fareja o nosso medo

os rumores estavam certos
os indícios estavam todos ali
e nos apegamos ao que possuímos
tolos, como ovelhas
recuando diante dos cães
guiados por eles
direto ao abatedouro
e ao martelo
nossos pequenos, minúsculos
cérebros de ovelha

os insurgentes tomaram tudo o que
era nosso, nossas melhores
esperanças
enfileradas para o fuzilamento
a cidade foi tomada
salve-se quem puder

"nós somos aqueles que ainda
acreditam, sejamos gratos por isso"
disse o último homem da fila
enquanto esperava o tiro
e assim morreram aqueles
que
ainda acreditavam no amor

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