terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

aquele que ainda acreditava

os rumores, a paranóia
os espiões na minha mente
avançam
como uma guerrilha revolucionária
ali, do lado de fora
invadindo os portões

a loucura, a desconfiança
o medo se instaura
é cada um por si, fugindo
para o interior
a cidade foi tomada
nossas mulheres, estupradas
nossos filhos, degolados
e o caos toma conta
como um cão faminto, que
fareja o nosso medo

os rumores estavam certos
os indícios estavam todos ali
e nos apegamos ao que possuímos
tolos, como ovelhas
recuando diante dos cães
guiados por eles
direto ao abatedouro
e ao martelo
nossos pequenos, minúsculos
cérebros de ovelha

os insurgentes tomaram tudo o que
era nosso, nossas melhores
esperanças
enfileradas para o fuzilamento
a cidade foi tomada
salve-se quem puder

"nós somos aqueles que ainda
acreditam, sejamos gratos por isso"
disse o último homem da fila
enquanto esperava o tiro
e assim morreram aqueles
que
ainda acreditavam no amor

sábado, 14 de fevereiro de 2015

não deveria estar recebendo pessoas

é mais um carnaval e eu só
queria um sofá para apagar
receber um boquete, me perder
por aí

não deveria estar recebendo pessoas
se sobessem o que é melhor para elas
manteriam distância
não sou um sujeito ruim, não
mas
às vezes não suporto quando se aproximam
cheios de idéias, e vejo cada uma delas
se desfazendo
todas elas até que sobra apenas uma
única verdade
que não há nada além do que vêem
e elas vão embora, ótimo

me deixem em paz
vendo minha gata caçando baratas
e se divertindo como nunca
acho que vou chamar uma puta

sábado, 7 de fevereiro de 2015

a arte de não ser

não pensar
fechar os olhos
desligar o coração
desligar-se

é o que aprendemos com a vida
desde pequenos
e nunca imaginamos o quanto
seríamos bons nisso

bebemos, comemos
e trepamos
o que resta, sai em poemas
mijo, merda
e esperma